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8 de março pra quê?

Algumas datas são marcadas por mimimi, e o 8 de Março é uma delas. “Mas por que precisamos de um Dia Internacional da Mulher?”. “Dia da mulher é todo dia!”. Mimimimimi. Isso me lembra o mesmo chorume que acontece no Dia da Consciência Negra. Então, amigues, vamos esclarecer. Todos somos iguais? Na teoria. Infelizmente, na prática, há um abismo separando os direitos de uns dos outros. Então, vamos descrever bem em detalhes porque precisamos de um Dia Internacional da Mulher:

  1. No Brasil, no período de 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios, o que equivale a, aproximadamente, 5.000 mortes por ano. Acredita-se que grande parte destes óbitos foram decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher, uma vez que aproximadamente um terço deles tiveram o domicílio como local de ocorrência. (fonte: IPEA)

  2. Os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres. Aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em contraste, essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados. Ou seja, a proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a proporção de homens assassinados por parceira. (fonte: IPEA)

  3. No ano de 2013, foram registrados 50.320 estupros no país, sendo que a maioria esmagadora das vítimas é mulher. Se considerarmos que só 35% das vítimas reportam o crime – a maioria por medo ou vergonha – , chegamos ao assustador número de 143 MIL estupros. (fonte: 8o anuário brasileiro de segurança pública)

Imagem: http://bit.ly/1BZeHsX

Imagem: Bule Voador (http://bit.ly/1BZeHsX)


  1. No Brasil, os homens ganham aproximadamente 30% a mais que as mulheres de mesma idade e nível de instrução. (fonte: BID)

  2. Uma mulher (pobre) morre a cada 2 dias devido a abortos inseguros no Brasil. (fonte: OMS)

  3. Vamos falar do mundo um pouco? Mais de 130 milhões de mulheres e meninas vivas atualmente sofreram mutilação genital nos 29 países da África e Oriente Médio onde esta prática se concentra. Se a tendência se mantiver, mais de 30 milhões de meninas estarão em risco de serem mutiladas antes dos 15 anos de idade. (fonte: Unicef)

  4. Em 17 dos 41 países analisados em uma pesquisa sobre violência contra a mulher, um quarto ou mais das pessoas entrevistadas pensa que é justificável para um homem bater em sua esposa. (fonte: ONU)

  5. Segundo a OMS, estudos internacionais mostraram que a violência contra as mulheres é muito mais grave e generalizada do que se suspeitava anteriormente. Após examinar uma série de estudos realizados em 35 países, em 1999 a OMS constatou que entre 10% e 52% das mulheres foram agredidas fisicamente pelo parceiro em algum momento de suas vida, e entre 10% e 30% havia sido também vítima de violência sexual por parte do parceiro íntimo. Entre 10% e 27% das mulheres relataram ter sido abusadas sexualmente, como crianças ou adultas.

Fora todos os números, existem os famosos fatos corriqueiros, né?! Então, vamos simplificar. Precisamos de um Dia Internacional da Mulher porque:

  1. Mulheres ainda são separadas em “pra casar” e “fácil”;

  2. Mulheres vão à polícia relatar um estupro e são questionadas sobre a roupa que estavam usando. Aliás, se você ler os comentários nas notícias sobre estupro nos principais portais, vai ver que a culpa é sempre da mulher (estava de roupa curta, estava bêbada, estava onde não devia);

  3. Um pai que cumpre com a devida obrigação para com os filhos é tratado quase como um santo e mártir;

  4. Um homem que trai a esposa “está só sendo homem”. A mulher com que ele se envolveu é a “vagabunda destruidora de lares”;

  5. Uma mulher que tem um vídeo íntimo postado na internet é questionada sobre por que se deixou filmar, enquanto ninguém quer nem saber quem foi o bonitão que fez o mal feito;

  6. Mulheres ainda são demitidas de empresas porque engravidaram;

  7. Mulheres sofrem constrangimento por amamentar em público;

Ficou claro? Então, vamos reforçar: vai ter um Dia Internacional da Mulher, sim! E, se reclamar, vai ter dois! Brincadeiras à parte, trate o tema com a seriedade que ele merece. 

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