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Dores e delícias da vida sem babá

Antes que eu comece o post, já posso imaginar muita gente pensando “mas eu nunca tive babá!”. Sim, eu sei que isso é cada vez mais raro hoje em dia. Mas, sem fazer mea culpa, eu tenho bons motivos.

Quando o Theo completou o primeiro aninho, voltei a trabalhar em esquema zero flexível: nove horas por dia, horário rígido, em multinacional coreana. Na época, optamos pela escolinha.

Theo com o pai em sua primeira festa junina na escolinha (arquivo pessoal)

Theo com o pai em sua primeira festa junina na escolinha (arquivo pessoal)


E, como é normal, assim que entrou pra escola, Theo ficou doente que não parava mais. Muitas febres, broncopneumonias, antibióticos.

E, não sei se vocês se lembram, mas 2009 foi o auge da epidemia de gripe suína. Coisa de pânico mesmo. Quando ele já ia para o terceiro mês na escola – mais faltando do que indo – a pediatra nos recomendou tirá-lo de lá e deixar em casa com uma babá. Porque, segundo ela, se ele pegasse a gripe suína com a imunidade prejudicada como estava, ninguém sabia o que podia acontecer.

E foi aí que a Fabiana – ou Bibi, como ensinamos o Theo a chamá-la – entrou na nossa vida.

Theo e Bibi no aniversário dela, esse ano (arquivo pessoal)

Theo e Bibi no aniversário dela, esse ano (arquivo pessoal)


E sabem aquele relacionamento que é pra dar certo? Ela é um amor de pessoa, super paciente, carinhosa, e pegou o Theozinho justo quando o autismo estava começando a se manifestar. Theo sempre foi apaixonado por ela (e ela por ele).

Até mesmo quando ele perdeu o resto da fala que tinha, entre os 3 e 4 anos, nunca deixou de andar atrás dela chamando “Bibiiiiiiiiiiiiiii”.

Assim, quando decidi parar de trabalhar de vez, no ano passado, não dispensamos a Bibi. Sempre pensávamos na ajuda extra que ela dava e no tanto que o Theo era apegado com ela.

Até que…em dezembro, meu marido recebeu a proposta para ir pra Londres. Lembro que a primeira coisa que nos questionamos foi “e a Fabiana??”. A gente sabia o tanto que o Theo sentiria a falta dela.

Mas vocês já ouviram falar de quando tudo conspira pra algo acontecer? Na mesma semana, a Fabiana me conta que estava grávida e que, provavelmente, não voltaria a trabalhar quando o bebê nascesse. E em que mês o bebê nasceria? Em setembro…justamente o mês em que deveríamos ir pra Londres definitivamente.

Bom, e cá estamos em setembro. O bebê da Bibi nasceu no final de Agosto. Lindo, gordinho, cheio de saúde! Ganhou vários beijos do Theozão!

Theo e Lucas (arquivo pessoal)

Theo e Lucas (arquivo pessoal)


E tive que explicar pra ele que, agora, a Bibi ia cuidar do Lucas. E que, por isso, não viria mais ficar aqui em casa.

Percebo que ele tem sentido muito a falta dela, de verdade. De vez em quando, ainda sai falando “Bibiiiiii” por aí. É muito legal quando essas relações acontecem de forma tão bonita…e muito triste quando têm que terminar. 🙁

De qualquer forma, aqui estou eu! E as consequências imediatas da vida sem Bibi são:

1. Tive que voltar a cozinhar. Não sei se “voltar” é o termo adequado, porque eu nunca curti passar tempo na cozinha…mas é isso.

2. Algumas tarefas que eu acabava delegando por comodismo mesmo – como, por exemplo, dar banho e dar o jantar – agora, voltaram pra mim de vez.

3. Estou tendo menos tempo livre por motivos óbvios. As mensagens e emails de vocês se acumulam…

4. Estou me sentindo mais cansada, também por motivos óbvios.

5. Meu vínculo com o Theo melhorou 400% em 1 semana! Acidentes de percurso acontecem, claro. Principalmente na cozinha. Segunda, inventei de fazer canja pra ele. Só que calculei MUITO mal o tempo que isso demoraria. Esqueci de tudo que teria que descascar e picar. Resultado: Theo capotou e dormiu antes da canja ficar pronta. Foi dormir sem comer!!! Prêmio “pior mãe do ano” pra mim!!!

Theo já cochilando no chão da cozinha enquanto eu corria pra fazer a janta (arquivo pessoal)

Theo já cochilando no chão da cozinha enquanto eu corria pra fazer a janta (arquivo pessoal)


Bom…se serve de consolo, no dia seguinte, ele comeu a tal canja fazendo “HUUUMMMMM”…coisa que ele só faz quando a comida está MUITO boa!!! 😀

O aprendizado é que a gente se acostuma e se acomoda, mas é, sim, muito possível ser “mãe simples”.

E, no final, isso é bom pra todo mundo!

E, pra encerrar o post, um agradecimento à Bibi, que chorou horrores na sua despedida com o Theo, quando se fechou no quarto, com ele, para explicar o porquê de estar indo embora. Como é difícil encontrar pessoas assim!

A Bibi amou o Theo de forma incondicional, como se fosse a segunda mãe que ele ganhou. Chorou junto conosco quando tivemos o diagnóstico de autismo. Vibrava com cada novidade e progresso que ele apresentava. Recebeu, de volta, muito beijos, abraços e carinhos.

Sabiam que ela me disse que desconfiou que estava grávida porque o Theo não parava de abraçar a barriga dela??  

Sorte do Lucas, que ganhou uma mãezona incrível! Nunca vamos nos esquecer da Bibi! <3      

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