São 6:30 da manhã. O despertador toca e eu me levanto, ainda meio cambaleante, e vou à cozinha. Pego a lancheira vermelha do Mickey e ajeito, ali dentro, o biscoito e o suco. Separo um pedaço de bolo e deixo na mesa.
Dirijo-me ao primeiro quarto à esquerda. Quando coloco a mão na maçaneta para abrir a porta, ela começa a se abrir sozinha. Olho para baixo e vejo um lindo garotinho, sorrindo, em seu pijaminha de dinossauro. Ele me abraça e me beija. É o seu jeito de dizer bom dia. É só um garotinho.
Ele já está quase pronto em seu uniforme. Aguarda ansioso o momento de ir à escola. Escovo aqueles dentes miudinhos e faço uma brincadeira, dizendo que a boca dele, agora, está cheirosa. Ele sorri com alegria.
O pai chega à sala e ele pede colo. Abraça aquele homem que é tão grande perto dele. Deita a cabeça em seu ombro. E, do sofá, de onde observo tudo, vejo apenas um garotinho.
É hora de sair. Peço um beijo e ele retribui com alegria. O melhor beijo de boca aberta do mundo… Vai puxando sua mochilinha até o hall do elevador. Aperta o botão para chamá-lo. Entra com o pai…mas, antes de sumir por completo, lança um último olhar para a mãe que aguarda na porta. É apenas um garotinho.
E eu fico, aqui, pensando. Sonhei a vida inteira com o momento de abraçar o meu bebê. Sonhei com o momento de mandar meu menininho para a escola. Sonhei em vê-lo em seu pijaminha, saindo do quarto. Sonhei com seu beijo de boca aberta e com seu abraço apertado. Sonhei em dividir alegrias e tristezas com ele. Sonhei com coisas que não vão se realizar, mas ganhei vários outros sonhos inimagináveis. Sou apenas uma mãe.
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo” ~ Fernando Pessoa
Imagem: Shutterstock
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