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Autismo e ajuda

“Lembre-se que, se algum dia você precisar de ajuda, você encontrará uma mão no final do seu braço. À medida em que você envelhecer, você descobrirá que tem duas mãos – uma para ajudar a si mesmo e outra pra ajudar aos outros.”

~ Audrey Hepburn

Algumas vezes, quando vou levar o Theo na escola, encontro com uma certa mãe e seu filho. Ele aparenta ter autismo severo e muita, muita hiperatividade. Da última vez em que a vi, ela corria atrás dele na calçada. Ele, que já é bem grande perto da mãe, parecia se divertir com a brincadeira. E, pela primeira vez, meu olhar cruzou com o dela, bem no meio da confusão.

E eu vi tanta coisa dentro desse olhar… Vi, acima de tudo, cansaço. Nos olhos caídos, nas olheiras, vi aquele cansaço que te impede de pensar, de raciocinar, de ver as coisas com clareza. Vi uma tristeza profunda e uma dor lancinante. Vi, também, muita resignação. E percebi um pedido mudo de socorro. Às vezes, o silêncio grita.

Fui embora com o coração apertado. E não pude deixar de pensar em quantas pessoas se encontram na mesma situação. E, se você que está lendo esse texto é uma dessas pessoas, eu queria te pedir, por favor, para procurar ajuda. Existem vários grupos de apoio onde você vai poder conversar com pessoas em situação parecida, que genuinamente entendem e se importam. Existem profissionais diferentes, métodos diferentes, que talvez possam ajudar seu filho ou filha. A internet propicia essa proximidade e várias possibilidades.

Por favor, não desista! Não perca a alegria de viver! Sempre há uma luz no fim do túnel! Eu tenho aprendido isso com várias pessoas que acessam esse blog e me contam as suas histórias. Histórias tristes, muito tristes, contadas por pessoas cheias de esperança e amor no coração. Pessoas que me inspiram profundamente e que têm tanto a ensinar.

Agora, se você está do outro lado da situação – se tem um amigo ou conhecido com um filho autista ou com outra deficiência – , gostaria de te pedir para prestar mais atenção aos sinais. A maioria dessas pessoas não pede abertamente por socorro. Aparentemente, na cabeça de todo mundo, pais de crianças com necessidades especiais são mais fortes que a média, infalíveis, quase imortais. E, muitas vezes, esses pais têm uma certa vergonha em romper esse padrão mental das pessoas. Portanto, preste atenção. Pergunte. Ofereça ajuda. De qualquer tipo.

Ao invés de repetir chavões como “pais de crianças especiais são especiais também”, que tal dizer “estou aqui para o que você precisar, e isso inclui ficar com o seu filho um pouco enquanto você descansa”?

Pedir ajuda não mostra que ninguém é fraco, mas que é humano. E oferecer ajuda é o que temos de mais próximo do divino. Que tal exercitar?    

Imagem: Shutterstock

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