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Dos dias ruins

Anteontem, tivemos um dia de cão com o Theo. Sabe aquele dia em que nada funciona?

Foram várias crises, vários episódios de xixi fora do lugar (sendo que ele já não usa fralda desde os 3 anos de idade), e uma agitação totalmente fora do comum. Não conseguimos identificar nenhum gatilho: nada de diferente na rotina, nenhum alimento diferente. Sorte que meu marido já tinha voltado de viagem. Então, nos revezávamos para tentar colocar o Theo pra dormir em um cenário caótico: super agitado, ele fazia todos os barulhos possíveis, molhava a cama, arremessava a galinha. Quando um sentia que o outro já estava desmoronando, a gente trocava de lugar.

Quando ele finalmente dormiu, estávamos tão cansados que desistimos de jantar, de ver tv, e só queríamos dormir e descansar. O cansaço físico se equiparava ao cansaço mental e psicológico. Senti meu coração em frangalhos nesse dia e chorei como há muito não chorava.

Passou…passou. Acordei 100% no dia seguinte, pronta pra encarar o dia, olhando meu garotinho com ternura, sem aqueles pensamentos negros que povoam a nossa mente nesses dias terríveis.

Já comentei na fan page que acompanho várias séries de TV ao mesmo tempo. E uma das minhas favoritas é “The Walking Dead”. Quem não conhece ou nunca viu, provavelmente acabou de torcer o nariz aí do outro lado da tela.

The Walking Dead. Imagem: http://bit.ly/1LyGYFK

The Walking Dead. Imagem: http://bit.ly/1LyGYFK


Sim, o pano de fundo da série é um apocalipse zumbi. Mas o roteiro é sobre as relações humanas e as mudanças comportamentais que acontecem em pessoas vivendo em situações extremas. E um dos diálogos de ontem mexeu demais comigo. Tanto que fui atrás do texto e compartilho, agora, com vocês. Todos estão abrigados em um celeiro e o líder da turma, Rick, conta o seguinte caso:

“Quando eu era criança, eu perguntei ao meu avô se ele matou muitos alemães na guerra. Ele não respondeu. Dizia que era conversa de adulto. Então eu perguntei se os alemães tentaram matá-lo, e ele ficou bem quieto. Ele disse que morreu assim que pisou no território inimigo. Todos os dias ele acordava e dizia pra si mesmo: “descanse em paz. Agora, levante-se e vá guerrear”. E, depois de anos fingindo estar morto, ele saiu da guerra vivo. E esse é o truque, eu suponho. Se fizermos o que tem que ser feito, teremos o direito de viver.”

Uau! Sabe quando a mensagem te atinge e você fica anestesiada? Senti como se Rick estivesse falando dos nossos dias terríveis aí. Dias em que nos sentimos mortas: sem perspectivas de futuro, com os sentimentos nublados, com os olhos embaçados. E, nesses dias, por mais que nos sintamos assim, temos que guerrear. Sozinhas, revezando com o marido, mas temos que continuar tentando.

E, no final, quando a criança finalmente descansa e dorme, nós também apagamos exaustas, mortas. Mas nos levantamos vivas no dia seguinte. Voltamos a ter esperança, a ver o lado bom, a fazer o dia valer pelo sorriso que recebemos ao acordar nossas crianças pela manhã. E acordamos vivas pela sensação de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Fizemos o que podia e tinha que ser feito como mães do Theo, do Edu, do Caio, do Gui, da Manu. E nos abastecemos de amor nos dias bons justamente para suportar os dias difíceis.

“Se fizermos o que tem que ser feito, teremos o direito de viver”. Força, gente! Pra mim, pra vocês, pra todas nós! <3  

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