E o menino chora…
Chora, e as lágrimas rolam pelas bochechas, já rosadas.
Chora e se debate no chão, inconformado com a situação.
Como pode o pai sair para trabalhar? Como pode deixá-lo assim?
Quer a companhia constante do ídolo, do parceiro.
Não entende por que ele tem que sair mais uma vez pela manhã.
E a mãe, desesperada a cada lágrima derramada, oferece bolo.
O menino não quer…
Oferece biscoito. Talvez um suco?
Ele não quer também.
Ela coloca um dvd e ele recusa.
E chora, chora…
A mãe oferece um passeio.
O menino vai até o carro chorando, já rouco.
A face molhada de lágrimas, que já caem pela roupa.
Passam perto do aeroporto e ela lhe mostra os aviões, que ele costuma gostar tanto.
Ele mal olha as aeronaves que decolam ali, tão pertinho.
E chora…
A mãe decide voltar para casa.
A cabeça dói, o coração dói.
Nada é capaz de fazer o menino parar de chorar.
Chegam em casa e o menino deita no tapete…chora enquanto esfrega seu rosto nos pelos macios.
Rola e chora mais.
A mãe desiste. Já tentou de tudo. Já ofereceu de tudo.
E se sente incompetente. Não há mais o que fazer.
Então, ela se deita no tapete ao lado do menino.
E chega, com cuidado, seu rosto perto do dele.
Ele encosta sua testa na dela, devagar.
E ficam os dois, ali, exaustos emocionalmente.
Em um momento, ela percebe…ele não chora mais.
Só observa a mãe ali, deitada com ele no tapete, testa na testa, olhos nos olhos.
E, naquele silêncio gostoso, olhando em seus grandes e expressivos olhos castanhos, era como se ela dissesse: “Eu entendi sua tristeza. Entendi que você não queria ficar longe do seu pai. Está tudo bem”.
E, entre uma fungadinha e outra, era como se ele dissesse: “Isso era tudo o que eu precisava de você, mamãe”.
Ele não queria bolo. Não queria suco. Não queria dvd ou passeio. Ele queria que a mãe entendesse e aceitasse sua frustração, sua tristeza. E que se juntasse a ele naquele momento.
Ele só queria compreensão.
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