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Mitos do desenvolvimento infantil x mães precavidas

Fizemos uma festinha de aniversário para o Theo no sábado passado. Convidamos os amigos mais próximos, a maioria, com filhos. E o que aconteceu aqui foi bonito de se ver. Muitas crianças (autistas ou não) correndo, pra cima e pra baixo, suadas, se divertindo horrores.

Em um determinado momento da festa, comecei a prestar atenção no Enzo, o bonequinho da minha amiga Marcelle. Enzo tem 2 anos e 8 meses. Seus lindos olhos azuis se iluminaram, imediatamente, ao ver um grupo de crianças brincando. E quis se juntar a elas, mesmo sem nunca tê-las visto na vida. Uma das crianças do grupo era o Pedro, 9 anos, autista. Brincando de sua maneira peculiar, foi para o escorregador e desceu de costas! Logo em seguida, foi o Enzo. E ia fazer o mesmo! Aquele toquinho de gente querendo descer de costas no escorregador! A Marcelle foi rápida o suficiente para segurá-lo, mas logo estava ele, de novo, correndo atrás das mesmas crianças. E um grupo entrou na piscina de bolinhas. Lá foi o Enzo atrás. Eles jogavam bolinhas uns nos outros, e o Enzo ali, fazendo de tudo para entrar na turminha e participar da brincadeira.


Enzo, SEU LINDO!

Enzo, SEU LINDO! (foto: Marcelle Caruso)


E, enquanto observava tudo, me peguei pensando: se eu tivesse a mínima noção de que isso era uma criança típica, talvez, teria notado que meu filho era diferente já com 1 aninho. Porque foi com essa idade que ele entrou na escolinha, pela primeira vez, e não demonstrou o MENOR interesse por outras crianças. E continuou assim até os 2 aninhos, quando foi para a segunda escola e, lá, fomos chamados para “aquela” conversa.

Mas, aliviando o “mea culpa”, sabe o que teria acontecido se eu notasse algo de estranho? Provavelmente, eu teria questionado a pediatra dele, na época. “Doutora, Theo não se interessa por outras crianças”. E sabe o que ela teria dito? O que a maioria dos pediatras, atualmente, diz: “Ele é filho único, tem pouco tempo na escola, isso é normal”.

São os mitos do desenvolvimento infantil, muitas vezes, perpetuados pelos próprios médicos. Digo isso pelos relatos que ouço de dezenas de mães todos os meses. Ao notarem que o filho de dois anos ainda não fala, ou que se isola dos demais, o que mais ouvem dos médicos é uma variação das combinações possíveis entre as seguintes explicações:

  1. Ele é muito mimado porque é filho único

  2. Ele não tem sido estimulado da maneira adequada

  3. Você dá tudo na mão dele

  4. Cada criança tem o seu tempo

  5. Não se deve comparar uma criança com a outra

E o que algumas mães têm feito ao ouvir essa conversa dos pediatras? Consultam outras mães ou amigas, pessoalmente, ou em grupos da internet. E, pasmem, tenho notado que até as mães têm absorvido e repetido o mesmo discurso dos pediatras: “não se preocupe, procure estimulá-lo que isso passa, cada criança tem seu ritmo”.

E, sinto muito, mas as notícias ruins ainda não acabaram. Tenho ouvido de MUITAS mães que, alguns neuros, teoricamente entendedores de transtornos do desenvolvimento, têm dito para elas coisas como “não se faz diagnóstico em criança tão nova”, ou “vamos esperar até os 3 anos”, ou “não se faz intervenção para atrasos do desenvolvimento em crianças com menos de 5 anos”. Por favor, parem o mundo que eu quero descer!

Para começar, o médico pode até se recusar a fechar um diagnóstico em uma criança de 2 anos ou menos porque, dependendo de como ela responder à intervenção, as características do atraso podem variar muito: algumas chegam mesmo a perder os sintomas. Outras, permanecem com o atraso de linguagem ou outras características. Então, pode até ser que não se bata o martelo sobre “o tipo” de atraso no desenvolvimento em uma criança de 2 anos. Mas sabemos que ele está lá! E tem tratamento, sim! E, quanto antes ele começar, melhor!

A academia de pediatra (EUA) fez ” uma avaliação” rápida que deveria ser aplicada aos 18 meses DE TODAS CRIANÇAS , para ter sinais de alerta para o diagnóstico do TEA. Segue o link , para quem quiser passar para escolas, pediatras, hospitais . O teste é fácil e rápido e chama a atenção para alterações no desenvolvimento: http://brookespublishing.com/wp-content/uploads/2012/06/csbs-dp-itc.pdf

Daí, aquela sua amiga pode te dizer “ah, mas o meu filho só falou com 3 anos e é uma criança normal”. Que bom pra ele. Mas ele é exceção, não regra. Todo atraso de linguagem, a partir dos 18 meses, deve ser investigado! E, se por um acaso, um médico te disser “não fazemos diagnóstico ou terapias em crianças tão novas”, conte pra ele a história da Agatha, que começou a intervenção aos 9 meses e, hoje, aos 2 anos, não apresenta mais nenhum atraso. Como mãe, eu prefiro pecar pelo excesso, nunca pela falta. Prefiro uma verdade incômoda a uma mentira reconfortante.


Imagem: http://bit.ly/11VUImr

Imagem: http://bit.ly/11VUImr


Espero que a maioria de vocês também pense assim! Uma mãe precavida vale por duas! P.S: Se você quiser dar uma checada nos marcos do desenvolvimento por idade, clique AQUI.

Também falei desse assunto neste vídeo curto aqui:


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