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Ponha sua máscara (de oxigênio) primeiro…


Imagem: Shutterstock

Recebi essa frase, ontem, via um blog que eu sigo chamado “The Oxygen Mask Project“. O grande objetivo do blog é lembrar aos pais de crianças especiais de que eles precisam, primeiro, cuidar de si mesmos para, depois, ajudarem a seus filhos.

Com certeza, todos que já andaram de avião ouviram aquela frase que as aeromoças falam quando ele está para decolar: “Passageiros viajando com crianças ou alguém que necessite de ajuda, lembramos que deverão colocar suas máscaras (de oxigênio) primeiro para, em seguida, auxiliá-los“. Parece besteira, mas não é. O princípio disso é que, se você não estiver bem, não pode ajudar a criança. Se você desmaiar porque se apavorou para colocar a máscara na criança primeiro, vocês dois estarão em risco.

A verdade é que ninguém pode prever sua própria reação ao receber um diagnóstico de doença ou deficiência para o filho ou filha: pode ser síndrome de down, autismo, déficit de atenção, ou outras milhares de possibilidades. O fato é que a primeira coisa que você pensa, numa hora dessas, é que não tem controle nenhum da própria vida. Aqui em casa, tivemos reações completamente opostas. Eu, instintivamente, fui em direção à máscara de oxigênio. Aumentei minhas idas à academia – que virou minha válvula de escape – , mergulhei de cabeça na internet para pesquisar o assunto e entrei em grupos de apoio. Não deixei de arrumar o cabelo, fazer as unhas, nada disso. Pode parecer besteira, mas isso foi essencial para que eu mantivesse minha sanidade mental e continuasse com a percepção de que tinha um controle – mesmo que mínimo – sobre as coisas. Meu marido foi na direção contrária. Entrou em depressão, não via graça em mais nada, não conseguia ver os próprios progressos do filho. Não conseguia encontrar amigos com suas crianças “normais”, não queria ler sobre o assunto e, muito menos, conversar com outros pais na mesma situação.

O problema disso tudo é que, em geral, somos tão autocentrados que imaginamos que o mundo deva reagir como nós reagimos. Não foi diferente por aqui. Faltou compreensão de ambas as partes. Eu o acusava de fazer drama além da conta, e ele me acusava de não estar sofrendo e de não abrir mão das minhas coisas para ficar, nem que fosse meia hora a mais, por dia, com o Theo. Foi um período muito difícil para o nosso casamento, que conseguimos superar só depois de muita conversa (e alguma ajuda psicológica).

Tendo dito isto, querido pai ou mãe que está passando por situação semelhante, gostaria de pontuar algumas coisas importantes pra você nesse momento:

  1. Aceite essa criança de braços abertos e do fundo do seu coração. Sem aceitação, nem você nem seu filho serão felizes. Você vai continuar esperando pela idealização que fez lá no passado. E seu filho vai perceber, nos seus olhos, que ele não é aquilo que você gostaria que ele fosse. Eu imagino o quanto isso deve doer.

  2. Você PRECISA se cuidar. Se não por você, pelo seu filho. Você não serve de nada, para o seu filho, se estiver doente, ou com depressão profunda, sem mal poder sair de casa. E, pense por esse lado: você fica aí, definhando em vida. Enquanto isso, seu filho cresce e vai tomando consciência das coisas. Qual a chance dele se sentir culpado, quando for mais velho, pela sua falta de saúde, ou pelas coisas que você deixou de fazer porque estava deprimido com a situação dele?

  3. Não existe mãe perfeita (ou pai perfeito). Mas tenho certeza de que você se esforça todos os dias para ser a melhor Ana, Gislaine, Renata ou Paula que sua filha ou seu filho merecem. Cada mãe faz o que é possível dentro das suas capacidades e limitações.

  4. Deixe de lado a culpa. VOCÊ NÃO TEM CULPA do que aconteceu. Leia de novo: NÃO É CULPA SUA! Então, deixe de pensar que não merece ser feliz ou fazer coisas que te dão prazer porque você está pagando por algo…que não fez!

  5. Quando necessário, peça ajuda. Não tenha vergonha disso. Peça ajuda dos seus pais, sua sogra, seus amigos, para cuidar do seu filho um pouco para que você possa respirar. E peça a ajuda de um psicólogo pra você mesmo/a.

  6. Pais felizes deixam os filhos felizes. Pais confiantes deixam os filhos confiantes.

  7. Acredite no investimento que você está fazendo no seu filho e no potencial dele. Vocês vão colher, juntos, o resultado desse plantio.

E, pra encerrar, li uma frase que diz o seguinte: “sentimentos são bem parecidos com ondas: não podemos impedir que eles venham, mas podemos escolher em qual deles surfar“. Sei que não é fácil, mas eu acredito, sim, nesse poder de escolha. E sei que, às vezes, escolhemos ficar deprimidos. Escolhemos nos irritar. Escolhemos nos isolar do mundo. Ou, então, escolhemos ignorar certas coisas para manter o bom humor. Então, que tal tentar, por exemplo, ser um pouco menos perfeccionista e um pouco mais feliz? Seu filho agradece!

Imagem: Shutterstock

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