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Sobre família, amigos e batalhas

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“-Quem estará nas trincheiras ao teu lado?

-E isso importa?

-Importa mais do que a própria guerra.”

Ernest Hemingway

-“Mãe, preciso contar uma coisa pra vocês. A escola nos entregou um relatório com vários pontos de atenção com relação ao comportamento do Theo. Fomos a um neuropediatra e ele disse que o Theo é autista”, falei ao telefone tentando parecer calma.


-“Vocês acham que vale a pena pedir uma segunda opinião?”, respondeu ela do outro lado da linha.

-“Essa já é a segunda opinião. E, infelizmente, achamos que faz muito sentido. Ele é mesmo autista” (choro).

-“Vai ficar tudo bem, minha filha. Theo é nosso neto, é muito amado, e isso não vai mudar nunca”.

Diálogos da vida real. Pessoas de carne e osso, mas algumas com mais alma que outras. Algumas realmente especiais.

O ser humano quer acolhimento. Precisa disso. Mais, ainda, em momentos difíceis. Aquelas horas em que se perde o chão, a esperança, a felicidade.

E como é bom ter família nessas horas! Família no real sentido da palavra. “Ohana”, pra quem assistiu “Lilo & Stitch”. Porque “ohana significa nunca abandonar ou esquecer”. Eu tenho a sorte de ter uma família assim. Meus pais, meus dois irmãos e minha irmã sempre me acolheram. Somos unidos, nos amamos, somos amigos.

Mencionei uma vez em um texto que os avós também sofrem um luto pelo neto idealizado. Eles também sofrem e muito. Mas é tão gostoso ver que o amor vence o luto em algum momento e, aí, essas pessoas vão à luta com a gente. Vão pra trincheira ao nosso lado.

E, quando você vê aquelas pessoas ali, o coração transborda de amor.

A internet nos deu, também, uma nova dimensão de amizade: os chamados “amigos virtuais”. E, olha, muitos amigos virtuais que fiz ao longo dessa caminhada já me salvaram a vida com uma palavra certa na hora certa!

Infelizmente, eu sei, nem todo mundo pode contar com uma “família ohana”. E é aí que entra a importância da segunda família: os amigos.

Ah, se tem uma verdade na vida é que os amigos são muitos quando a mesa é farta. Mas é na hora do aperto que você conhece os reais amigos. E, às vezes, aqueles que você menos esperava são os que vão te estender a mão nas horas de dificuldades. Seja com uma palavra de apoio, uma visita inesperada, um favor que você nem tinha coragem de pedir.

Amigos de verdade sentem, percebem. É muito, muito difícil esconder algo deles. Percebem nosso estado de espírito a léguas de distância.

E tem aqueles amigos “com expediente”. Como algumas pessoas super especiais que saíram até visitando escola pra mim quando eu contei que ia voltar pro Brasil. Como a gente agradece uma coisa dessas??

Dizem que amigos são a família que a gente escolhe. Acontece que eles escolhem a gente também, não é?! É via de mão dupla. E como é bom escolher e ser escolhida por pessoas tão especiais!

Esse texto não tem a pretensão de se aprofundar em nada. É, simplesmente, uma homenagem a essas pessoas que se colocam ao nosso lado na trincheira. Nas batalhas. Nos momentos difíceis. Porque qualquer batalha fica mais fácil com quem nos ama nos segurando pela mão, nos amparando nas quedas, nos estendendo um copo d’água na hora da sede.

Que bom seria se todos nós pudéssemos contar com família e amigos desta forma! Que bom seria se todos pudéssemos ser esse amigo pra alguém!

Imagem: Shutterstock


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