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Sobre o sentimento de incompetência materna

Imagem: http://bit.ly/1n6sA2e

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Tivemos um fim de semana bem difícil com o Theo. Ele estava muito agitado e, simplesmente, decidiu que não queria ir dormir. Ontem à noite, para resolver o problema, Leandro colocou ele no carro às 10 da noite e foi dar uma volta. Funcionou, claro. Mas foi o desfecho de dois dias bem cansativos pra nós dois.

Nessas horas, sou invadida por um profundo sentimento de incompetência. Daqueles de arrasar quarteirão mesmo!

Daí, você pode pensar “mas que exagero, tudo isso por somente um fim de semana?”. Não. Na verdade, o fim de semana foi a gota d’água. É um sentimento de incompetência por vários eventos que vêm acontecendo desde o início do ano. As manias que ele adquiriu nas férias escolares e que nenhuma terapeuta conseguiu tirar (muito menos eu), a minha própria incapacidade de interagir com ele quando ele começa com alguns comportamentos autoestimulatórios, a minha inabilidade de não saber o que fazer quando o cérebro dele está, visivelmente, hiperativado.

Ontem à noite, comentei com o marido: “eu adoraria que o amor fosse o suficiente. Porque eu amo esse menino sem a menor dificuldade. Isso é fácil”. E é mesmo. Amo ele do fundo da alma. Amo, beijo, abraço, faço cócegas, faço carinho, digo que o amo, amo mais um pouco. E isso é praticamente tudo o que eu, como mãe terapeuta, consigo fazer.

Participo de alguns grupos de pais por email. E vou fazer uma confissão: quando aquelas mães – que entendem tudo, porque estudaram mais que todo mundo TODAS as terapias possíveis, fizeram todos os cursos imagináveis e leram todos os livros sobre autismo disponíves – começam a trocar figurinhas naqueles emails enormes, me sinto o cocô do cavalo do bandido.

Eu pertenço a um grupo (minoritário, pelo que eu percebo) das mães de crianças com deficiências que PRECISAM trabalhar. Posso me dedicar, de verdade, ao Theo, nas noites da semana e nos dias do fim de semana. E é isso, meu povo!

E eu poderia estender o mimimi. Mas, daí, tem gente que já pararia de ler, porque todo mundo já entendeu que esse não é muito o meu perfil. Então, voltemos ao Calvin.

Segundo ele, ninguém te deixa ser mãe se você não souber resolver TUDO. Então, eu vou ter que arrumar um jeito de resolver isso também!

Eu nunca vou poder me dedicar como essas outras mães. Pelo menos, não no curto prazo. Mas, ao invés de ficar me lamentando, vou fazer o que eu posso fazer: me dedicar MAIS para o Theo nos fins de semana. Nem que seja na base do pó de guaraná e do Red Bull! (Porque é claro que eu também estou mais cansada nos fins de semana pela dupla jornada).

Vou comprar materiais e dar uma de “terapeuta tabajara”. Vou investigar, com elas, o que ele gosta de fazer pra poder replicar no sábado e no domingo. Vou tentar reduzir ao máximo o tempo que ele gasta jogando objetos no chão simplesmente pela autoestimulação. Vou me sujar de tinta com ele. Vou usar os reforços do ABA, se for necessário.

E, mesmo assim, se tudo falhar, vou continuar colocando ele na cama como sempre faço: com muito beijos e dizendo pra ele que o amo do jeitinho que ele é!

Tem alguém aí na mesma situação? 🙂

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