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5 dicas para criar filhos mais abertos à diversidade

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Ontem à noite, li o desabafo dolorido de uma amiga, que tem um lindo filho com síndrome de down, sobre a sensação horrível que teve ao vê-lo ser rejeitado por outras crianças antes mesmo de dizer “oi”. Tolerância para com as diferenças é algo que deve ser ensinado em casa. Portanto, se você é um pai ou mãe que quer criar filhos com menos preconceitos e mais abertos à diversidade, aqui vão algumas dicas.

1. Faça-os conviver de perto com a diferença Você tem amigos de “vários tipos”? Não? Então procure facilitar o contato do seu filho com a diversidade humana. A escola dele é inclusiva? Existem crianças com deficiências? De repente, um clube, uma aula de natação ou um playground em uma região diferente da cidade já vai facilitar as coisas. Outra forma de trabalhar com isso é levar pra casa livros sobre diferentes países, culturas, pessoas, e procurar vídeos sobre isso na internet.

2. Dê o exemplo Sou uma pessoa que cresceu ouvindo piadinhas racistas, porque algumas pessoas que frequentavam a minha casa, aparentemente, achavam que isso era legal. Na minha cabeça de criança, negro era motivo de piada. Simples assim. Ainda bem que eu cresci, comi muito arroz com feijão, li, e aprendi que isso é, sim, errado, absurdo e muito triste. Você faz piadinhas racistas, homofóbicas ou machistas na frente dos seus filhos? Você fala “fulano tem o ‘cabelo ruim’?”. Reforçar estereótipos de gênero também só contribui para criar pequenos machistinhas. Você usa expressões como “lugar de mulher é na cozinha”? Diz que “homem não chora”? E que “rosa é cor de menina”? Eles estão ouvindo. E a sementinha está sendo plantada ali. “Ah, mas então eu vou ter que ficar vigiando o que falo?”. Vigie primeiro o que pensa. Será que o problema não está em mudar, primeiro, os seus próprios conceitos? Como diria a minha mãe, citando um versículo bíblico, “a boca fala do que está cheio o coração”.

3. Ignorar o problema não vai fazê-lo sumir Todo ano, na época do Dia da Consciência Negra, surge uma invasão de “não precisamos de um dia da consciência negra, precisamos de 365 dias de consciência humana”. Isso seria lindo. Num mundo perfeito e ideal. Martin Luther King dizia que os problemas sociais não vão se resolver sozinhos. O racismo (e a homofobia, e todos os outros preconceitos) precisam ser enfrentados diariamente. Um estudo conduzido em 1997 por psicólogos do Instituto de Pesquisa de Problemas Sociais, no Colorado, mostrou que crianças entre 6 e 18 meses de idade já olham de forma mais demorada para rostos de etnias diferentes das quais elas pertencem. As crianças começam a notar as diferenças desde cedo! Portanto, explique ao seu filho ou filha que somos todos humanos, sim, mas diferentes. E que ainda não vivemos em condições de igualdade. Fale sobre as coisas ruins que foram feitas, ao longo do tempo, por quem se considerava superior aos outros por questões de raça ou crença. Explique que dias como o da Consciência Negra e do Orgulho LGBT existem para que as pessoas percebam o quanto ainda é difícil “sair do padrão”. E o quanto ainda precisamos evoluir nesse sentido.

4. Aproveite as perguntas embaraçosas para ensinar “Papai, por que esse moço tem a pele marrom?”. “Mamãe, por que aquela menina não tem uma perna?”. “Mamãe, por que esse menino faz barulhos?” Já vi pais nessa situação e a sensação que tive foi que eles queriam cavar um buraco e se enfiar lá. E a reação quase que imediata foi corrigir e ralhar com a criança. A curiosidade da criança é natural. Ela está conhecendo o mundo e os pais são referência para qualquer dúvida. As dúvidas são genuínas e não maldosas. E a pior coisa que você pode fazer nesse momento é tentar matar o assunto. Isso pode dar a ela a sensação de que a diferença é algo ruim e que não deve nem ser comentado. O que fazer nesse momento? A explicação mais simples, geralmente, é a melhor. Explique calmamente que existem pessoas de todas as cores. E também existem pessoas com perna, sem perna, pessoas que andam de pé e pessoas que se locomovem em uma cadeira. E o garotinho faz barulhos porque ainda está aprendendo a falar, e é como ele se expressa. Tenho visto muitos pais com dificuldades para responder a seguinte questão de um filho: “menino pode namorar menino?”. Qual a dificuldade em responder “se os dois se amam, sim”? Ainda tenho muito mais dificuldade em explicar por que duas pessoas se matam do que por que elas se amam.  

5. Corrija com amor, mas corrija Seu filho fez um comentário com algum tipo de preconceito? Mostre que você está atento e que esse tipo de comportamento não é aceitável e, muito menos, engraçado. Explique que todas as pessoas são diferentes, todas querem ser felizes e merecem respeito. A gente não deve falar dos outros como não gostaria que falassem da gente. As escolas precisam estar mais atentas quanto ao bullying, com certeza. Mas, se o seu filho está praticando bullying com o coleguinha com deficiência, a responsabilidade é, em primeiríssimo lugar, sua.

P.S: quer usar um livro para falar do assunto de forma leve com as crianças? Tente o “Meu amigo faz iiiii“! 😀

Imagem: Shutterstock

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